BRASÍLIA, DF - A repercussão da fala de ontem do presidente Jair Bolsonaro, que disse ter acabado com a Lava Jato, continuam rendendo.
O presidente tem sido criticado, inclusive por ex-aliados, por tomar decisões que contrariam os defensores do conjunto de operações e investigações iniciadas em 2014.
Entre elas, a nomeação de Kassio Nunes para o STF (Supremo Tribunal Federal), um juiz tido como garantista (ou seja, que dĂĄ mais atenção aos argumentos dos acusados). ?O núcleo garantista no Supremo costuma impor derrotas à Lava Jato.
Além do mais, Bolsonaro adotou nos últimos meses um tom mais pragmĂĄtico e tem priorizado uma boa relação tanto com o JudiciĂĄrio quanto com o Congresso Nacional, em contraposição ao discurso crítico da chamada velha política que marcou sua campanha eleitoral.?
Em nota divulgada nesta quinta-feira (8), a força-tarefa da Lava Jato no ParanĂĄ lamentou a fala de Bolsonaro e disse que "forças poderosas" atuam contra a operação.
Para os procuradores, a declaração do presidente indica desconhecimento sobre o trabalho da Lava Jato e "reforça a percepção sobre a ausĂȘncia de efetivo comprometimento com o fortalecimento dos mecanismos de combate à corrupção".
A força-tarefa de Curitiba destacou ainda que, para que o trabalho continue, deve haver apoio da sociedade e consequente adesão "efetiva e coerente" de todos os Poderes. Os procuradores afirmaram que, "apesar de forças poderosas em sentido contrĂĄrio", possuem compromisso no papel do Ministério Público, "de promoção de justiça e defesa da coisa pública".
Na manhã desta quinta, Bolsonaro fez novas críticas a Moro, desta vez durante cerimônia de encerramento do curso de formação profissional de agentes da Polícia Federal.
"Temos um compromisso de combate à corrupção. Eu tenho colaborado com a Polícia Federal, ajudando ao escolher ministros não por critério político ou por apadrinhamentos, mas por critério de competĂȘncia, como temos o ministro da Justiça André Mendonça. Me desculpem, muito, mas muito melhor do que outro [Moro] que nos deixou hĂĄ pouco tempo. A prova estĂĄ aí: recorde de apreensão de drogas, de recursos e de prisões de bandidos, entre outros", afirmou o presidente.
"Eu não tenho dado motivo para a Polícia Federal ir atrĂĄs dos meus ministros, diferentemente do que acontecia no passado", completou.
Também na manhã desta quinta, Moro fez outra publicação nas redes sociais para defender a operação Lava Jato. "Importante iniciativa do STF de levar ao plenĂĄrio os inquéritos e ações penais. Essa mudança darĂĄ mais homogeneidade às decisões da Corte", escreveu.
No dia anterior, o STF decidiu que as ações criminais em curso na corte voltarão a ser julgadas pelo plenĂĄrio do tribunal. Assim, a anĂĄlise dos processos da Lava Jato sairão da Segunda Turma, que tem imposto sucessivas derrotas à operação.
O ministro Luiz Fux é um defensor da operação, e esta foi a primeira vitória dele na presidĂȘncia do Supremo contra a ala da corte que critica os métodos da Lava Jato.
Fonte: Noticias ao Minuto