A parceria é voltada especialmente para prevenção e controle de pandemias e epidemias, e de doenças infecciosas. Entre elas, covid-19, influenza, chikungunya, zika, dengue, febre amarela, oropouche e tuberculose. Também existe o compromisso de desenvolver bens pĂșblicos de saĂșde global, como testes de diagnósticos rĂĄpidos, terapias, vacinas e fĂĄrmacos.
"Além da cooperação jĂĄ em curso no campo da genômica, nós também queremos dar um carĂĄter mais tecnológico a essa parceria e desenvolver produtos para a saĂșde. Também estamos considerando fazer editais conjuntos relacionados a projetos especĂficos e aumentar o fluxo de pesquisadores entre a China e o Brasil. E um dos pontos de destaque é a realização de um seminĂĄrio até o Ășltimo trimestre desse ano ou primeiro trimestre do ano que vem, para que identifiquemos pontos de conexão e potenciais contratos", disse o presidente da Fiocruz, Mario Moreira.
"Este acordo reforça a cooperação em saĂșde pĂșblica", comentou Shi Yi, diretor executivo do CEEID.
Tanto a sede em Pequim como a no Rio de Janeiro vão ter pesquisadores dos dois paĂses. Além da troca de conhecimentos e tecnologias, estão previstos projetos conjuntos, como o desenvolvimento de novas vacinas, anticorpos terapĂȘuticos e medicamentos para doenças infecciosas agudas e crônicas, além de colaborações em medicina tropical. Em Pequim, o centro funcionarĂĄ no Instituto de Microbiologia. No Brasil, ficarĂĄ no prédio do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em SaĂșde (CDTS), ainda em construção, com previsão de entrega no fim de 2024.
"Pela primeira vez vamos estabelecer dois centros fĂsicos, que serão usados por pesquisadores brasileiros e chineses. Estamos transformando eventos que eram de curta duração, como as visitas de pesquisadores, em atividades permanentes. A ideia é ter aqui cientistas chineses por longos perĂodos, um mĂȘs, um ano, dois anos", disse Carlos Morel, coordenador do CDTS.
Dentre as trocas de conhecimento, a China tem interesse especial na produção da vacina contra a febre amarela, tecnologia que a Fiocruz jĂĄ domina hĂĄ um tempo. As obras chinesas de infraestrutura na África aumentaram e trabalhadores do paĂs asiĂĄtico tĂȘm contraĂdo a doença. Para o Brasil, é interessante ter acesso ao processo de produção do Ingrediente FarmacĂȘutico Ativo (IFA), usado em vacinas como a da covid-19.
Brasil e China começaram a se aproximar mais no campo cientĂfico com a visita de uma delegação liderada pelo cientista George Fu Gao, então diretor do Centro ChinĂȘs de Controle e Prevenção de Doenças (CDC/China), em junho de 2017. No mesmo ano, Gao e NĂsia Trindade Lima, presidente da Fiocruz à época, assinaram um Memorando de Entendimento para o desenvolvimento de projetos de pesquisa e tecnologia. Participaram também o ministro da SaĂșde no Brasil, Ricardo Barros, e o vice-ministro chinĂȘs, Guoqiang Wang. Desde então, comunicações entre os cientistas dos dois paĂses tĂȘm aumentado, com realização de seminĂĄrios, artigos e intercâmbios acadĂȘmicos.
Fonte: AgĂȘncia Brasil