Corpo foi encontrado na última quinta (24), horas depois de a Justiça aprovar a extradição dele para os EUA, onde é acusado de fraude fiscal. John McAfee fala com jornalistas na Suprema Corte da Guatemala depois que sua localização foi revelada por uma foto
Johan ordonez/Getty images
Investigadores espanhóis começaram nesta quinta-feira (24) a investigar a morte de John McAfee, criador do famoso antivírus que levava o seu nome.
O corpo dele foi descoberto por volta das 19h (14h de Brasília) da última quarta-feira (23) em sua cela na prisão Brians 2, perto de Barcelona, poucas horas depois de a Justiça espanhola aprovar sua extradição para os Estados Unidos.
Havia possibilidade de recurso por parte da defesa. E a autorização para a extradição ainda deveria ser aprovada pelo governo espanhol.
"Houve uma morte que, aparentemente, aponta para suicídio, mas a confirmação virá pela necropsia", que deverá ser realizada nos próximos dias, afirmou a porta-voz do sistema prisional da Catalunha.
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McAfee, de 75 anos, estava naquela prisão desde sua detenção em 6 de outubro do ano passado, quando estava prestes a embarcar em um voo para Istambul.
No dia 15 daquele mês, uma postagem de sua conta no Twitter dizia "Estou contente aqui. Eu tenho amigos. A comida é boa. Está tudo bem".
Guru das criptomoedas
Acusado nos EUA de fraude fiscal, McAfee fez fortuna com o antivírus que leva seu nome na década de 1980. Mais tarde, tornou-se um guru das criptomoedas e era seguido por cerca de um milhão de pessoas no Twitter.
Foi preso em outubro de 2020 no aeroporto de Barcelona, após a publicação, por parte de um procurador dos EUA, de uma acusação contra ele por não ter declarado milhões de dólares em receitas com a promoção de criptomoedas, serviços de consultoria, conferências e direitos vendidos para um documentário sobre sua vida.
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As autoridades americanas emitiram um mandado de captura pela Interpol e solicitaram sua extradição. De acordo com o pedido, protocolado em novembro, McAfee ganhou mais de US$ 12 milhões entre 2014 e 2018 sem declarar impostos.
Se fosse condenado, teria enfrentado até 30 anos de prisão.
Centro penitenciário onde John McAfee foi encontrado morto nesta quarta-feira (23), em Barcelona
Albert Gea/Reuters
"Para ocultar seus rendimentos e bens do serviço tributário (...) o réu ordenou que parte de sua renda fosse paga a laranjas e colocou propriedades em seu nome", acrescentou o documento.
Polêmicas
Antes da prisão na Espanha, McAfee envolveu-se em várias polêmicas com drogas, armas e até suspeita de assassinato.
Em sua popular conta no Twitter, ele se definia como um "amante de mulheres, aventuras e mistérios".
Em uma postagem, em 16 de junho, disse que as autoridades americanas acreditavam que ele tinha "criptomoedas ocultas".
John McAfee postou esta foto com a esposa no Twitter, aparentemente depois de deixar Cuba
Twitter/@officialmcafee
"Eu gostaria de tê-las", acrescentou. "Meus bens restantes foram apreendidos, meus amigos desapareceram por medo de associação, não tenho nada. No entanto, não me arrependo de nada", escreveu.
Sua esposa Janice reclamou que ele "não estava bem" na prisão espanhola e que demorava muito para receber atendimento médico.
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"As autoridades dos EUA estão determinadas a deixar John morrer na prisão", tuitou ela no domingo passado (20).
McAfee causou polêmica em 2012, quando foi morar em Belize, onde um vizinho seu foi encontrado misteriosamente assassinado. O caso ainda não foi solucionado.
A polícia, que tentou interrogar McAfee sobre o caso, descobriu que o empresário morava com uma garota de 17 anos e possuía armas em sua casa. Posteriormente, ele desapareceu.
A família do vizinho morto entrou com um recurso contra McAfee por "homicídio culposo". Um tribunal da Flórida o considerou culpado, e ele foi condenado a pagar mais de US$ 25 milhões.
McAfee ficou foragido por meses e, em 2015, foi preso nos Estados Unidos por dirigir sob a influência de entorpecentes. Em 2019, voltou a deixar o país.
John McAfee: ele próprio alimenta uma imagem de 'bad boy'
Twitter/@officialjoemcafee
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