E se Jair Bolsonaro, Lula da Silva e Sérgio Moro disputarem a eleição presidencial de 2022? Impossível? Deixou de ser. Improvável? Depende. Depende do que decidir a Segunda Turma do Supremo Tribunal que julgará até outubro um recurso da defesa de Lula que pede a suspeição de Moro.
A defesa alega que Moro não foi imparcial ao analisar os processos que envolveram o ex-presidente na Operação Lava Jato. Por isso, a sentença do ex-juiz no caso do processo do tríplex do Guarujá deveria ser anulada. Se for, decisões de Moro em processos como o do sítio de Atibaia e do Instituto Lula também poderiam ser.
Daí, Lula voltaria a ser elegível, e dificilmente não seria candidato a presidente pela sexta vez. As três primeiras (1989, 1994 e 1998) ele perdeu para Fernando Collor no segundo turno, e Fernando Henrique Cardoso no primeiro. Venceu em 2002 e em 2006, e elegeu Dilma Rousseff em 2010 e 2014.
A Segunda Turma é formada por cinco ministros: Edson Fachin, Carmen Lúcia, Celso de Mello, Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes. Ali, Lula já colheu duas vitórias: a delação do ex-ministro Palocci foi excluída da ação penal sobre o Instituto Lula. E a defesa de Lula terá acesso ao acordo de leniência firmado pela Odebrecht.
Fachin e Carmen são considerados votos certos contra o pedido de suspeição de Moro, e Lewandowski e Gilmar, a favor. Ninguém faz ideia de como votará Celso, e se votará. Ele será outra vez operado da coluna, e se aposenta em novembro. O ministro Marco Aurélio Mello poderá substitui-lo na Segunda Turma.
Se ainda lhe restarem unhas para roer, Lula as roerá na torcida para que Celso se restabeleça logo e possa votar. Ele acredita que o voto de Celso o beneficiará.
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