Maranhense é o novo nome na fotografia no Brasil

Maranhense que usa a fotografia para a criação de fotomontagens, fotoperformances e experimentos de intervenção urbana e rural é destaque no site do Itaú Cultural

Por Cassiano Viana - Posic textual - Ricardo Checker em 13/08/2020 às 14:03:41
Foto: Divulgação

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Gê Viana (Santa Luzia, Maranhão, 1986). Vive e trabalha em São Luís (MA). Fotógrafa e artista visual, graduada em artes visuais pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Na busca por uma expressão artística não linear, usa a fotografia para a criação de fotomontagens, fotoperformances e experimentos de intervenção urbana e rural. "Ouvi uma vez que, pra se achar, era preciso saber o local de nascimento de seus entes mais velhos", diz Gê Viana.

Descendente de indígenas, nascida no interior do Maranhão, negra e moradora da periferia de São Luís, capital maranhense, Gê vê seus trabalhos como uma forma de empoderamento e resistência de diversos segmentos sociais marginalizados e invisibilizados: indígenas, negros, mulheres, gays e lésbicas.

Com a palavra, Gê Viana

"Apontei o juizo pra uma lembranc?a. Era fim de tarde, nossa ma?e queria nossas imagens, dois retratos. O pano de fundo era a frente da casa de barro, com vestigios de varias escritas dos amigos, a outra era uma cena montada com lenc?ol azul atras de nos. La estavamos, meu irma?o meio torto, minha irma? mais velha repousando o brac?o na cintura, enquanto eu, num gesto de desconfianc?a com aquele instrumento na minha frente, segurava o brac?o dela fortemente. Ouvi uma vez que, pra se achar, era preciso saber o local de nascimento de seus entes mais velhos. É bem dificil voce? montar sua historia quando sua bisavo ja na?o ta mais entre os outros… Jose Vitorino Ferreira Viana, o pai Zeca, e minha bisavo Torcata Francisca Viana, a ma?e negra. Ambos nasceram na beira do Rio Parnaiba, na cidade de Buriti. Ao lado está a cidade Brejo, estamos no Maranha?o, nesse territorio existiram os Anapurus, um povo denominado originalmente como Muypuras.

Eles habitavam toda aquela regia?o, alguns documentos mostram que foi uma terra "dada". Denominados como extintos. NA?O, ESTAMOS VIVOS! Repito a pergunta: se tua tataravó foi indigena, o que te legitima tambem a ser? A historia de exterminio se repete entre varios povos. Hoje na cidade de Brejo so restam documentos e uma pedra onde se lê escrito na lingua dos Muypuras: "indios". Mais um levante se aproxima, está acontecendo com os Muypurás! Chão de terra batida, o mundo anda pedindo trégua. Me vi usando esse tempo pra buscar mais de mim. Sempre me interessei por saber do lado matriarcal. Esqueci completamente da parte de meus bisavós, até ver muito de mim neles. A mãe me disse: "Meu avô era bonito, cabelo bem arrumado, gengiva e dedos marrons, morreu que nem um passarinho, não deu trabalho a ninguém, quietinho na rede".

Fonte: O Imparcial

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