Está havendo um rompimento entre o números de novos casos e o de óbitos no Maranhão. É o que diz um estudo do professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e médico epidemiologista, Antônio Augusto Moura Silva.
O médico esclarece que o Rt ou taxa de transmissão do vírus, está estável no Maranhão, que em dois momentos nos meses de junho e julho esteve abaixo de 1, porém que agora está em torno de 1.
"O Rt está oscilando em torno de 1, isso mostra que a doença não está subindo, mas também que está tendo dificuldade para cair", declarou.
A quantidade de novos casos também tem mostrado uma estabilidade, ficando entre 1 mil e 1,5 mil casos semanais. Já a quantidade de óbitos tem mostrado uma maior diminuição.
"O que se vê agora é um fenômeno muito interessante. O que se vê é uma estabilidade nos casos e você também tá vendo uma maior queda na série de óbitos", esclarece Antônio.
Segundo o epidemiologista, o estado continua com baixo nível de testagem, ele esclarece que a cada 22 pessoas testadas, 10 casos são positivos. A taxa de ocupação dos leitos de UTI é o mais baixo (37%) desde que a doença começou a ser estudada no estado. Essa porcentagem vem diminuindo todas as semanas.
O epidemiologista também explica que o Maranhão sofre um fenômeno de convergência, o vírus começou em São Luís e se espalhou para outros municípios. Por isso, enquanto alguns em alguns lugares a doença está em queda, em outros ela ainda está em ascensão. Isso pode explicar a dificuldade que o Rt maranhense tem de diminuir.
Dados da SES também revelam que o número de suspeitos no estado também está diminuindo, isso significa que a quantidade de pessoas fazendo o exame e esperando o resultado está caindo.
São Luís
Na capital é possível notar uma maior queda no número de casos semanais, porém também passa por uma estabilidade. A Ilha notifica entre 500 e 700 casos toda semana.
Nas últimas duas semana o número de óbitos teve uma queda muito acentuada. Na ilha também é possível observar o fenômeno de novos casos estáveis e óbitos em queda.
Como explicar os casos estáveis e a diminuição de óbitos
Segundo o médico, uma das hipóteses para a diferença na curva de queda dos novos casos e dos óbitos é que a covid-19 ainda está sendo transmitida, porém de maneira menos grave.
"Temos casos, a transmissão ta acontecendo, mas a procura de doentes nas UPAs, especialmente em UTI, diminuiu. A taxa de ocupação está muito baixa", disse ele.
O epidemiologista explica que uma das causas desse fenômeno pode ser o uso de máscara, que não só diminui a transmissão, mas faz com que a pessoa infectada receba uma carga de vírus muito menor, e isso resulta na pessoa ter uma doenças menos grave.
"O uso da máscara ele é muito frequente, e isso realmente pode estar explicando porque continua tendo transmissão, continua tendo casos mas a mortalidade está caindo de uma forma muito acentuada", explicou.
Outra explicação citada pelo médico sobre a queda da mortalidade, pode ser o atraso do resultado dos exames, em maio o estado teve um grande número de óbitos pelo vírus, mas não foi possível fazer todos os exames. E agora, quase todos os casos que estavam esperando o resultado do exames já foram notificados.
O Imparcial