Avolta das atividades dos clubes do interior, após a longa paralisação do Campeonato Maranhense por causa da pandemia da covid-19, preocupa os clubes do interior.
A competição tem reinício marcado para 1º de agosto, mas a maioria ainda não decidiu quando os jogadores estarão se reapresentando para os treinamentos em suas cidades. A exceção é o Juventude Samas, de São Mateus, que já adota as providências exigidas pelo protocolo das autoridades sanitárias. O maior problema enfrentado pelos dirigentes é a falta de condições financeiras.
As despesas devem chegar ao mínimo de R$ 50 mil para quem conseguir a proeza de ir à final, segundo cálculos preliminares. Sem receita e ignorados pelo setor privado, os clubes estão entregues à sua própria sorte e as diretorias admitem que o momento é delicado, pois as perspectivas indicam que dificilmente todos terão condições de cumprir seus compromissos caso não haja socorro das prefeituras ou do empresariado local.
Os efeitos negativos do intervalo provocado pela pandemia afetaram até mesmo o Imperatriz, campeão maranhense de 2019 e que tem como grande sonho a conquista do bi. Com um jogo marcado para a Copa do Nordeste (já desclassificado para a próxima fase) e outros do Estadual, o Cavalo de Aço pode reapresentar seu elenco dia 20, possivelmente. "A situação é preocupante, pois estamos praticamente a 120 dias parados. Nesse período sumiram todos os patrocinadores, apoiadores, e como a previsão de volta é sem a presença de público, não tem renda. Com incentivo zero de todos os lados, fica muito difícil afirmar algo sobre o futuro", disse a O Imparcial o presidente Adauto Carvalho. O Imperatriz não deve enfrentar o Freipaulistano-SE, pela última rodada da Copa do Nordeste.
Ambas as equipes estão desclassificadas e a partida não tem apelo nenhum. Eles devem fazer um acordo com a CBF para a não realização do jogo. O dirigente acrescentou que num primeiro momento a primeira providência a ser tomada é conseguir a volta dos jogadores que deixaram o clube e necessitam retornar, visando o primeiro compromisso do Campeonato Maranhense, contra o Sampaio Corrêa. "Quanto à nossa participação na Copa do Nordeste, desistimos, haja vista que não tinha mais nenhum efeito para os dois times, então, para minimizar as despesas o clube acabou fazendo um acordo, sem prejuízo, evitando esse jogo que seria só pra cumprir tabela". O adversário do Cavalo de Aço seria o Frei Paulistano, do estado de Sergipe, que também já está desclassificado.
No Estadual, está prevista a quota de R$ 145 mil para o Cavalo de Aço, proveniente da ajuda do Governo do Estado, mas ainda sem data prevista para a liberação dos valores, considerados insuficientes para quitar uma folha de pagamento. No fim de semana, o Imperatriz, por meio de uma força tarefa, intensificou as buscas visando conseguir patrocinadores, segundo Adauto Carvalho, mas a principal preocupação é com a os testagem dos atletas. "Realmente, a situação é difícil, complicada, até pela questão dos testes da covid. A gente deve estar fazendo um convênio com o município e patrocinadores donos de laboratórios de farmácia, porque se não conseguirmos manter o time com as despesas que já existiam, agora com mais essas provocadas pela pandemia a situação piora", analisou.
O dirigente faz um apelo para que possam os clubes voltar a ter condições de retomar suas atividades. "Acho que é importante o papel da imprensa, pedindo para que a sociedade em geral, a torcida e o poder público ajude os times sob pena de realmente estes falirem. Essa é a situação, acredito, que até em nível nacional onde se o Flamengo e outros clubes grandes estão em, dificuldades, imagine times que praticamente já não existiam e podem até agora desaparecer", finalizou Adauto.
De acordo com a tabela do Campeonato Maranhense, o Imperatriz fará ainda dois jogos pela primeira fase. O clube da região Tocantina ainda vai disputar o Brasileiro Série C, que tem previsão de início dia 8 de agosto. No Estadual, o primeiro confronto do Cavalo de Aço será na reta final da primeira fase, contra Sampaio e Pinheiro. Na Série C do Brasileiro, o primeiro jogo será diante do Treze, em Campina Grande.
São José não viaja para Barra do Corda
O presidente do São José de Ribamar, Paulo Campineiro, afirma que o clube não tem condições de voltar a disputar o Estadual deste ano. Os motivos são vários e começam com a falta de estrutura para o devido cumprimento das exigências sanitárias. O Peixe Pedra não tem dinheiro para testagem dos atletas e dos demais integrantes da comissão técnica, por isso, prefere não arriscar vidas. "Se tivéssemos que reaparecer no campeonato seria com uma equipe local, amadora. Contudo, falta muita coisa para o cumprimento das exigências que possam dar segurança a estes jogadores e eu não vou me arriscar. A começar pelo local de treinamento, que seria no campo da Mata, onde aparecem muitas pessoas, principalmente jovens de bairros adjacentes. Como posso impedir que uma dessas pessoas compareçam ao local? E se tivermos algum portador do vírus, quem vai se responsabilizar se algum atleta for contaminado? Além disso, os jogadores que o São José poderia aproveitar não possuem condução própria. Teriam que se deslocar, de ônibus, todos os dias para o local dos treinos, arriscando também sua saúde. Então, esses são os primeiros fatores que impedem nosso reinício de atividades, mas temos outros problemas", enfatizou Campineiro.
Se tivéssemos que reaparecer no campeonato seria com uma equipe local, amadora
O dirigente do Peixe Pedra também acusa a FMF por não ajudar os clubes. "A federação sabe muito bem que os clubes pequenos e até alguns chamados grandes não possuem estrutura suficiente para voltar a disputar o restante desta competição. Por isso, sugeri que campeonato não fosse reiniciado.Mesmo assim, parece que a federação não está preocupada com isso. Afinal, o deles está garantido todo os meses, vindo da CBF. Assim como a entidade nacional ajuda as federações pobres, a do nosso estado também deveria nos ajudar nesse momento, até porque não somos culpados pela interrupção do campeonato. Vínhamos cumprindo com a nossa parte. Agora, se formos prejudicados, vamos buscar nossos direitos na Justiça Desportiva".
Campineiro lembra que o clube também não tem condições de conseguir transporte e hospedagem para o deslocamento da delegação para Barra do Corda. Sendo assim, é possível que haja um WO, mas o São José ainda seria beneficiado com derrotas do MAC para Juventude ou Moto Club.
Na mesma situação do São José estão Cordino e Pinheiro. O representante de Barra do Corda não tem local seguro para treinamento nem recursos financeiros para patrocinar os testes antes da preparação e dos jogos. O estádio Leandrão passa por reformas. A Onça, que já foi rebaixada para a segunda divisão no próximo ano, será representada por uma seleção amadora, mas se deixar de cumprir os protocolos determinados pela FMF pode até não se fazer presente ao local da partida, em casa, contra o Peixe Pedra. Além disso, para que possa reiniciar suas atividades, o Cordino não depende apenas de si. "Estamos aguardando liberação das atividades esportivas aqui no município. Há um decreto proibindo a prática de esportes coletivos até dia 14", informa o dirigente Júnior Maciel. O Pinheiro já decidiu que seguirá o mesmo caminho. Vai lançar uma equipe formada por jogadores da Seleção Pinheirense apenas para cumprir a tabela, apesar de já ter fugido da degola. O problema maior se resume no período de treinamentos, porque faltam recursos financeiros necessários à testagem de atletas e comissão técnica. O apoio da prefeitura será fundamental para que o clube possa atender às exigências do protocolo e garantir, com segurança, a saúde dos atletas que estarão formando o grupo nos jogos restantes da competição.
A situação mais tranquila dos clubes do interior é a do Juventude Samas. Contando com apoio de parte do empresariado local, o clube se reapresentou na semana passada e agora começa a realizar os treinamentos, bastante reforçada, porque além do Estadual vai disputar a Série D. O departamento de marketing, comandado por Alexandre Soares, trabalha com objetivo de conseguir ainda muito mais apoio de empresas e torcedores da região, tornando um clube sem prejuízos, principalmente se o Estádio Pinheirão for reaberto ao público em setembro. Aquela praça esportiva passa por uma reforma inclusive no gramado de jogo e quando for reaberta será uma das melhores para a prática do futebol, assegura Alexandre Soares, diretor de Marketing.
Fonte: O Imparcial