Ainda nos esforços para acalmar investidores e empresĂĄrios, que tem cobrado uma postura do governo brasileiro no sentido de frear o desmatamento da Amazônia, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), afirmou nesta quarta-feira (15/7) que o país vive pressão frente ao avanço da degradação e que o país irĂĄ combater as ações contra o meio ambiente.
"Vivemos um momento de pressão em relação ao avanço das ilegalidades, notadamente o desmatamento e a questão das queimadas, mas deixamos muito claro o compromisso do nosso governo, do governo do presidente Jair Bolsonaro, em não aceitar que essas ilegalidades prosperem, mostrando para a comunidade internacional e para a sociedade brasileira de forma firme o nosso compromisso", disse.
O curto discurso foi feito na abertura da segunda reunião do
Conselho da Amazônia Legal, recriado em fevereiro deste ano e presidido pelo vice-presidente. Na semana passada, 50 empresĂĄrios de empresas do Brasil e fora assinaram um carta manifestando preocupação com o avanço da degradação ambiental no país e os impactos negativos nos negócios, como riscos de sanções internacionais.
Na sexta-feira (10), Mourão se reuniu com sete empresĂĄrios e trĂȘs entidades representativas. No encontro, ele assumiu 100% da responsabilidade em relação ao aumento do desmatamento ilegal e prometeu a elaboração de metas a serem cumpridas semestralmente contra o desmatamento na Amazônia.
Antes da reunião, dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostraram o contínuo avanço do desmatamento na Amazônia Legal, com um aumento de 10,6% no mĂȘs de junho, comparado ao ano passado, e de 64% observando dados de agosto de 2019 a junho deste ano comparado com o mesmo período anterior, de 2018 a 2019.
Após reunião na sexta-feira, a presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento SustentĂĄvel (CEBDS), Marina Grossi, que esteve na reunião representando o setor empresarial, disse que o desmatamento ilegal estĂĄ arranhando não só a imagem do país, mas também estĂĄ atrapalhando os negócios de empresas. Algumas citaram que estão tendo menos investimento estrangeiro nos últimos anos por conta disso.
A mudança de postura por parte do governo federal vem após contínuas ações que reduziram políticas ambientais, gerando o crescimento dos números de desmatamento e queimadas. No ano passado, depois que dados do Inpe mostraram aumento da degradação da Amazônia, o presidente questionou os dados, e a discussão culminou na demissão do ex-diretor do instituto, Ricardo Galvão. Ele até hoje é gerido interinamente pelo militar da Força Aérea Brasileira (FAB) Darcton Policarpo Damião.
VĂĄrias políticas do governo jĂĄ foram questionadas, como um projeto apresentado pelo governo em fevereiro deste ano para regulamentar a exploração mineral, incluindo o garimpo, em terras indígenas. O episódio de desgaste mais recente foi quando o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse em reunião ministerial em abril que o governo deveria aproveitar que as atenções estão na pandemia do novo coronavírus para "ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas". Depois ele se explicou dizendo que se referia à simplificação de normas.
O Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação por improbidade administrativa contra o ministro no último dia 6 pedindo o afastamento imediato de Salles. Na ação o órgão relata uma série de atos do ministro para justificar a necessidade de seu afastamento. Um deles é o despacho 4.410, de abril deste ano, e que poderia gerar a anulação de multas ambientais e a anistia de desmatadores da Mata Atlântica. Após muitas críticas, Salles
acabou revogando o despacho.