No próximo dia 3, o IBPClin, que integra o grupo Care Access, líder mundial em pesquisas clínicas descentralizadas, promove simpósio no Hotel Fairmont, em Copacabana, na zona sul do Rio, que reunirá especialistas nacionais e estrangeiros, membros de empresas de certificação e representantes de indústrias farmacêuticas para debater a expansão dessas pesquisas no Brasil. A intenção é ampliar a rede de centros de estudos na América Latina, para que o Brasil e a América do Sul tenham maior visibilidade para conduzir os projetos.
Para o presidente do IBPClin, o maior reflexo disso é que durante a pandemia de covid-19, os centros de pesquisa brasileiros conduziram a maioria das vacinas existentes hoje no mercado. “O Brasil teve prevalência alta da doença mas, por outro lado, os estudos clínicos foram muito bem-sucedidos, o que trouxe muita visibilidade e qualidade aos pesquisadores brasileiros”. Entre os centros nacionais que participaram de forma significativa do desenvolvimento de vacinas durante a pandemia, ele citou a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Instituto Butantan e o próprio IBPClin.
Atualmente, 8.805 estudos de pesquisa clínica são realizados no país, o que representa cerca de 42% do total na América Latina e 68% na América do Sul. Apesar da liderança no cenário regional, o Brasil concentra apenas 2% das pesquisas clínicas mundiais. “O Brasil é destaque. É o país que tem o maior número de pesquisas conduzidas, patrocinadas por indústrias farmacêuticas nacionais e multinacionais, fundações e empresas de biotecnologia”.
A cada ano, as indústrias farmacêuticas e de biotecnologia investem US$ 130 bilhões em pesquisa e inovação em nível mundial, sendo que os estudos clínicos movimentam em torno de US$ 30 bilhões. Cada pesquisa demanda, em média, entre cinco e dez anos para ser concluída, mas somente 10% delas resultam em medicamentos aprovados para uso comercial. “Para desenvolver novo medicamento, os estudos passam por fase pré-clínica, com animais, e fase clínica, dividida em quatro etapas, onde há participação de seres humanos”.
O simpósio vai abordar a importância da pesquisa clínica para o Brasil e para a América Latina e a expansão que se pretende fazer nos próximos anos. “Não é à toa que nos países desenvolvidos, onde se faz mais pesquisa e se usa medicamentos de ponta, as pessoas vivem mais. O que a gente busca com esses trabalhos é uma vida mais longa e uma qualidade de vida melhor, propiciando novos medicamentos com menos efeitos colaterais. Esse é o objetivo”, disse o médico.
O IBPClin aposta em aumento significativo dos estudos realizados no país nos próximos cinco anos. Segundo Luis Russo, o Brasil tem condições de estar entre os dez primeiros países em pesquisas clínicas do mundo. Para que isso ocorra, no entanto, ele defendeu a desburocratização da parte regulatória, com harmonização da legislação brasileira à internacional, além de melhora na parte logística, maior especialização do setor aeroalfandegário e que os patrocinadores observem que o país tem uma das maiores diversidades populacionais do mundo. "É um país diverso. E diversidade e engajamento de voluntários nas pesquisas estão na ordem do dia no Brasil“.
Russo destacou que o Brasil tem população superior a 200 milhões de habitantes, que se mostrou muito interessada, durante o processo eleitoral, nos rumos da saúde pública e privada. Uma nova legislação já se encontra no Congresso Nacional sobre pesquisas clínicas, o Projeto de Lei 7.082/2017. A expectativa é que o governo eleito dê impulso à matéria. “Esperamos que o novo governo apoie a pesquisa clínica”.
Áreas de maior interesse são os estudos clínicos com o desenvolvimento de novas vacinas e medicamentos para doenças crônicas (cardiovasculares, diabetes, obesidade, hipertensão, colesterol); dermatológicas, incluindo alergias; as áreas de imunologia, doenças neurológicas e pulmonares; e, futuramente, a área de maior crescimento de novas moléculas e opções terapêuticas, que é a oncologia.
Fonte: AgĂȘncia Brasil