Lava Jato e Moro reagem a fala de Bolsonaro

A força-tarefa disse que o apoio da sociedade e a "adesão efetiva e coerente de todos os Poderes da RepĂșblica" Ă© fundamental para que os esforços das investigações tenham ĂȘxito

Por Estadão Conteúdo - Posicionamento textual - Ricardo Becker em 08/10/2020 às 20:37:35
Divulgação

Divulgação

Os integrantes da força-tarefa da Lava Jato do ParanĂĄ divulgaram nota nesta quinta, 8, após a afirmação do presidente Jair Bolsonaro de que ele acabou com a operação pois "não hĂĄ mais corrupção no governo".

Em nota, os procuradores apontaram que o discurso do chefe do Executivo indica "desconhecimento sobre a atualidade dos trabalhos e a necessidade de sua continuidade", mas mais que isso "reforça a percepção sobre a ausĂȘncia de efetivo comprometimento com o fortalecimento dos mecanismos de combate à corrupção".

"A Lava Jato é uma ação conjunta de vĂĄrias instituições de Estado no combate a uma corrupção endĂȘmica e, conforme demonstram as últimas fases dos trabalhos, ainda se faz essencialmente necessĂĄria", afirmou ainda a força-tarefa, lembrando que horas antes da declaração do presidente, a 76ÂȘ fase da operação apreendeu quase R$ 4 milhões na casa de um ex-funcionĂĄrio da Petrobras sob suspeita de receber propinas.

A força-tarefa disse que o apoio da sociedade e a "adesão efetiva e coerente de todos os Poderes da República" é fundamental para que os esforços das investigações tenham ĂȘxito. "Os procuradores da República designados para atuar no caso reforçam o seu compromisso na busca da promoção de justiça e defesa da coisa pública, papel constitucional do Ministério Público, apesar de forças poderosas em sentido contrĂĄrio", registrou a nota divulgada pelo Ministério Público Federal do ParanĂĄ.

A declaração de Bolsonaro ocorreu na tarde de quarta, 7, em resposta às críticas de lavajatistas por ter se aproximado de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que se posicionam contrĂĄrios à operação tocada pelo ex-juiz Sérgio Moro.

O presidente tem sido criticado pela indicação do desembargador Kassio Nunes para a vaga do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal. O nome do magistrado foi chancelado por Gilmar Mendes e Dias Toffoli, que mantém posicionamentos críticos à Lava Jato, e tem o apoio de parlamentares do chamado Centrão, atingido pela força-tarefa nos últimos cinco anos.

"É um orgulho, é uma satisfação que eu tenho, dizer a essa imprensa maravilhosa que eu não quero acabar com a Lava Jato. Eu acabei com a Lava Jato, porque não tem mais corrupção no governo. Eu sei que isso não é virtude, é obrigação", disse o presidente no PalĂĄcio do Planalto nesta tarde, quando discursava no lançamento do Programa Voo Simples, do Ministério da Infraestrutura, que promete modernizar as regras de aviação no País.

A afirmação se deu momentos depois de os ministros do STF decidirem alterar o regime interno para que ações penais e inquéritos voltem a serem analisados pelo plenĂĄrio e não mais pelas duas turmas de julgamento. A mudança foi proposta pelo presidente do STF, ministro Luiz Fux, e é visto como uma reação para blindar a Lava Jato.

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro também reagiu a fala de Bolsonaro indicando que tentativas de "acabar com a Lava Jato" representam "a volta da corrupção". "As tentativas de acabar com a Lava Jato representam a volta da corrupção. É o triunfo da velha política e dos esquemas que destroem o Brasil e fragilizam a economia e a democracia. Esse filme é conhecido. ValerĂĄ a pena se transformar em uma criatura do pântano pelo poder?", afirmou Moro em seu perfil no Twitter.


Fonte: Noticias ao Minuto

Comunicar erro

ComentĂĄrios