Lentidão no sistema de apuração do TSE faz Brasil amanhecer com indefinição de prefeitos e vereadores

Resultado para prefeitura de Maceió só foi divulgado nesta manhã; cidade de São Paulo amanheceu sem definição de vereadores. TSE informou que, tradicionalmente, a totalização de 100% dos votos ocorre no dia seguinte ao pleito

Por G1 - Posicionamento textual - Ricardo Becker em 16/11/2020 às 11:03:08
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Em algumas cidades pelo paĂ­s não se sabia ainda, na manhã desta segunda-feira (16), quem é o prefeito eleito nem quem são os vereadores. A lista de cidades inclui ao menos duas capitais: Maceió e São Paulo. Os dois municĂ­pios estavam sem vereador definido no inĂ­cio da manhã. Em Maceió, o resultado para prefeito saiu por volta de 9h.

Os problemas começaram ainda no domingo (15), com lentidão na apuração de votos logo após o fim do pleito, e se estenderam ao longo da madrugada e da manhã. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tradicionalmente a totalização de 100% dos votos só é concluĂ­da ao longo da segunda-feira seguinte à votação, com a contagem de votos de locais de difĂ­cil acesso.

Apesar da demora, o presidente do TSE, ministro LuĂ­s Roberto Barroso, tentou afastar as suspeitas sobre a possibilidade de se fraudar os resultados. Segundo ele, não é possĂ­vel que haja fraude porque os resultados em cada urna são impressos em um boletim, ao final da votação, afixados na seção eleitoral e distribuĂ­dos aos partidos.

"Eu trabalho com fatos. Ao final do dia de votação, a urna imprime o resultado. Não hĂĄ mais como fraudar. Esses resultados foram impressos, foram comunicados ao TRE, o TRE encaminhou ao TSE. O TSE teve um problema de lentidão na totalização desse resultado. Qualquer candidato, a qualquer tempo, pode conferir o resultado das urnas com o resultado que vier a ser divulgado pelo TSE", disse Barroso em entrevista coletiva na madrugada.

Na cidade de São Paulo, com 99,92% das seções totalizadas também 0h20, o site do TSE também não tinha ainda a relação dos vereadores eleitos até 9h.

O TSE não havia comentado sobre os casos de São Paulo e Maceió até por volta de 9h.

Também não havia ainda, na manhã desta segunda-feira, divulgação para o Legislativo de municĂ­pios paulistas como:

  • Sorocaba (interior do estado)
  • Osasco (Grande São Paulo)
  • Santo André (ABC Paulista)
  • São Vicente (litoral)


Contagem centralizada no TSE

Na eleição deste ano, pela primeira vez a contagem dos votos passou a ser centralizada no TSE. De acordo com o ministro presidente da Corte, a mudança não foi uma decisão dele, Barroso, mas foi estabelecida e ele precisou seguir.

Os tribunais regionais eleitorais não tiveram responsabilidade pelo problema, segundo o ministro. Barroso explicou que os tribunais enviaram os dados brutos para que o TSE fizesse a totalização. No entanto, segundo ele, a falha ocorreu não pelo critério de se fazer a totalização no TSE. Ela foi motivada por um problema de hardware, com o defeito em processadores de um computador.

"Houve um atraso na totalização dos resultados por força de um problema técnico que foi exatamente o seguinte: um dos nĂșcleos de processadores do supercomputador que processa a totalização falhou e foi preciso reparĂĄ-lo", explicou o ministro durante entrevista coletiva no TSE na noite de domingo.

Falhas no e-TĂ­tulo e instabilidades

As falhas nas eleições municipais deste ano não ocorreram somente na totalização dos votos. Durante todo o domingo, eleitores tiveram dificuldade para acessar o aplicativo e-TĂ­tulo. O app é um dos meios indicados pelo TSE para que os eleitores justifiquem ausĂȘncia na votação, mas os usuĂĄrios tiveram dificuldades para operĂĄ-lo.

Pela manhã, o TSE afirmou que a instabilidade da ferramenta foi resultado do grande volume de acessos. Na tarde de domingo, Barroso afirmou que a sobrecarga e a consequente dificuldade de acesso ao e-TĂ­tulo foi causada pela retirada da rede, em carĂĄter preventivo, de um dos dois servidores da Justiça Eleitoral.

De acordo com o ministro, a retirada da rede de um dos servidores foi feita preventivamente em razão do ataque hacker no Ășltimo dia 3 ao sistema do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Barroso disse também que o aplicativo ficou sobrecarregado devido ao volume de acessos e downloads de Ășltima hora. Segundo ele, houve 3 milhões de downloads de sĂĄbado para domingo.

A instabilidade também impediu eleitores de checar informações como suas zonas eleitorais. VĂĄrios locais de votação foram alterados devido à pandemia do novo coronavĂ­rus.

Tentativa de ataque e vazamento de informações

O sistema do TSE também sofreu uma tentativa de ataque que, segundo Barroso, foi "totalmente neutralizada" pelo tribunal e pelas operadoras de telefonia. O presidente da Corte explicou que a tentativa envolveu um grande volume de acessos simultâneos com o suposto objetivo de derrubar o sistema, mas foi evitado a tempo e não foi possĂ­vel haver invasão. O caso é investigado pela PolĂ­cia Federal.

O presidente do tribunal afirmou ainda que, ao longo do domingo, circularam informações sobre um suposto vazamento de dados da Justiça Eleitoral. Segundo o ministro, houve uma tentativa de ataque que, de acordo com a PF, ocorreu antes de 23 de outubro e resultou no vazamento de informações administrativas sobre ministros aposentados e antigos funcionĂĄrios do TSE.

"Provavelmente se refere a fatos bastante pretéritos, porque as informações vazadas são de 2001 e 2010, e informações irrelevantes", afirmou Barroso. Conforme o ministro, "aparentemente", o ataque teve origem em Portugal.

Fonte: G1

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