AmĂ©rica Latina: mortes por câncer colorretal crescem 20,5% em 30 anos

Publicado na revista científica Plos One, um estudo realizado por pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e da Universidade da Califórnia San Diego mostrou que, entre 1990 e 2019, a mortalidade por câncer colorretal na América Latina cresceu 20,5%.

Por Jota Silva em 13/10/2023 às 07:48:53

Publicado na revista cientĂ­fica Plos One, um estudo realizado por pesquisadores da Escola Nacional de SaĂșde PĂșblica (Ensp/Fiocruz), do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e da Universidade da Califórnia San Diego mostrou que, entre 1990 e 2019, a mortalidade por câncer colorretal na América Latina cresceu 20,5%.

Na maioria dos paĂ­ses da região, incluindo o Brasil, a tendĂȘncia é de aumento. Segundo a Fiocruz, o crescimento da mortalidade por câncer colorretal na América Latina vai no sentido oposto da tendĂȘncia global, que tem sido de queda da taxa, resultado influenciado pelos paĂ­ses de alta renda.


Além de descrever tendĂȘncias na mortalidade pela doença na América Latina, a pesquisa relacionou os dados ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos paĂ­ses. O aumento da mortalidade na região, a mais desigual do planeta, foi observado de forma heterogĂȘnea. A pesquisa confirmou que existe uma ligação entre as tendĂȘncias de mortalidade por câncer colorretal e o desenvolvimento socioeconômico dos paĂ­ses latino-americanos. No entanto, essa relação não é linear.


PaĂ­ses com baixo IDH tĂȘm menor mortalidade por câncer colorretal. Os fatores que influenciam essa relação são, principalmente, o subdiagnóstico e o menor acesso a fatores de risco conhecidos, como o consumo de alimentos ultraprocessados e de carne vermelha.

JĂĄ os paĂ­ses de desenvolvimento médio tĂȘm, por um lado, acesso tardio ao diagnóstico e dificuldades com o tratamento em tempo oportuno, o que reduz a sobrevida dos pacientes. Além disso, esses paĂ­ses contam com maior exposição aos fatores de risco, como é o caso do Brasil. Ao contrĂĄrio, os paĂ­ses de alto desenvolvimento diagnosticam a doença precocemente, e a população tem tendĂȘncia a padrões alimentares mais saudĂĄveis, diz a Fiocruz.


"É interessante observar que a desigualdade entre os paĂ­ses é tão gritante, que, hĂĄ alguns, como o Uruguai e a Argentina, caminhando para um declĂ­nio da mortalidade por câncer colorretal. Apesar do alto consumo de carne vermelha, eles conseguem diagnosticar e tratar num tempo oportuno, evitando mortes. Nos paĂ­ses da América Central, o cenĂĄrio é diferente: a alimentação tem menos risco, mas hĂĄ subdiagnóstico e pouco acesso a tratamento", diz, em nota, um dos autores do estudo, Raphael Guimarães, do Departamento de CiĂȘncias Sociais da Ensp/Fiocruz.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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