O treinador Tite concedeu entrevista coletiva neste sábado, 12, na véspera da estreia da seleção brasileira na Copa América, contra a Venezuela, no estádio Mané Garrincha, em Brasília. Ainda respondendo sobre temas espinhosos, o técnico revelou que ele, Juninho Paulista e os jogadores da Canarinho pediram ao presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo, para que o país não recebesse o torneio, que mudou de anfitrião de última hora após as desistências de Colômbia e Argentina. O treinador, no entanto, contou que o desejo não foi atendido e que o grupo fico à mercê das decisões da vontade da entidade, da Conmebol e do governo federal.
“Pedimos antes ao presidente da CBF. Eu pedi, os atletas pediram, o Juninho pediu antes de ela ser definida que ela fosse no Brasil. Antes, nós pedimos antes. Nós fomos leais e pedimos antes. Antes de levar ao presidente da República, ao país, colocamos essa situação que não gostaríamos, pelo respeito, por tudo o que estava envolvendo, por um lado sentimental. Ficamos à mercê, pediram tempo para nós, aí a situação ficou definida e ficamos expostos. Esse é o real, o que acompanhei em relação a essa situação toda. Então decidimos nos manifestar de forma conjunta, mas já que ela foi definida, temos orgulho do nosso País, de representar a Seleção, eu tenho orgulho de ser técnico da Seleção”, comentou Tite, que falou com a imprensa ao lado de César Sampaio, auxiliar técnico da seleção.
Mudando de postura em relação às outras entrevistas, Tite adotou um tom mais crítico, detonando os responsáveis por organizar a Copa América. “Quando um campeonato é feito de forma atabalhoada, rápida, excessivamente como a Conmebol fez, ela está sujeita a isso. E vai mudar de novo. Vai modificar de novo. Independentemente do país que fosse”, comentou o treinador. “Colocamos que somos contrários à realização da Copa América e não vai ter desculpa agora. Não tem bengala, muleta. Vai jogar. Vamos nos cuidar da melhor maneira possível e vamos jogar com a exigência. (Disse a eles:) "o técnico vai cobrar, vocês vão nos cobrar a nossa performance, porque é essa nossa responsabilidade, foi isso o que optamos'”, completou.
Alvo de críticas de apoiadores do presidente Bolsonaro, Tite ainda afirmou que não tem lado político. “Gostaria que não tivesse esses problemas todos, não só com a Venezuela. Isso aqui não tem viés político nenhum, isso aqui tem uma crítica direta à Conmebol e a quem decidiu da CBF ser a Copa América aqui. Ela (a crítica) não tem viés político e eu tenho um respeito muito grande a tudo isso e à minha história. Eu não tenho partido político nenhum ao longo da minha trajetória, não tenho, sempre votei em pessoas, não partidos, por isso me sinto em paz para falar. Politizaram essa situação, infelizmente politizaram”, arrematou.
Fonte: JP