Conheça a história e fatos dos faróis do Maranhão

O sistema de sinalização náutica no Maranhão se compõe de faróis e faroletes. Os faróis tem alcance acima até 10 milhas

Por O Imparcial - Posic textual - Ricardo Becker em 27/07/2020 às 11:37:13
Foto: Divulgação

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Os primeiros navegadores para chegarem à ilha de São Luís, se utilizavam de bússolas, mas os nativos que vinham dos mais distantes rincões do Litoral ou da Baixada maranhense, se valiam da intuição, da prática de navegação. Com a implantação da sinalização náutica que cobre todas as regiões do estado com seus faróis, a navegação se tornou mais fácil, visto que à noite, os embarcadiços se orientam pela luz forte dos faróis da sinalização náutica mantida pela Marinha de Guerra do Brasil, com o alcance de muitas milhas da costa.


Antes, para chegar a São Luís, pela Baía de São Marcos, à noite, os navegantes não tinham qualquer orientação. E assim foi a navegação no Maranhão até os primeiros cinquenta anos do Século XIX. Somente em 1831, foram implantados os primeiros faróis de sinalização na região costeira do Maranhão.

Hoje a entrada da Baía de São Marcos, conta efetivo sistema de sinalização, composto com moderno balizamento iluminado em toda extensão do canal, de forma a prevenir acidentes com os navios que correm o risco de chocarem-se com os bancos de areia. A Marinha do Brasil, através da Capitania dos Portos, é responsável pela vigilância e manutenção do sistema, o que desenvolve com muita competência e responsabilidade.

O sistema de sinalização náutica no Maranhão se compõe de faróis e faroletes. Os faróis tem alcance acima até 10 milhas, ou seja, mais de 16 quilômetros, enquanto os faroletes tem alcance de até 5 milhas. Cinco destes faróis tem a segurança garantida por militares da Marinha que cuidam da vigilância e manutenção.

Os faróis do Maranhão são:

  • Preguiças, conhecido como Mandacaru, localizado em Barreirinhas.
  • Araçagi, na Raposa( região metropolitana da ilha de São Luis.
  • Farol de Santana, em Humberto de Campos (foto abaixo)


  • São João, na ilha de Maiacu, em Cururupu
  • São Marcos, em São Luís (foto abaixo)

Visitas monitoradas

Os faróis do Araçagi, Alcântara (que é desguarnecido), e Preguiças, pela facilidade de acesso, são importantes pontos de visitação. Os demais também podem ser visitados. Tendo em vista tratar-se de áreas de segurança, as visitações são monitoradas pelos homens da Marinha, excetuando-se o de Alcântara, visto ficar na área urbana da cidade.

A sinalização náutica é muito importante. Os faróis indicam aos comandantes das embarcações em geral, sua correta posição no mar. Os navegantes, durante a noite, são orientados pelos fachos luminosos dos faróis, e tendo como base a carta náutica, sabem efetivamente, sua localização.

Os navegantes da Baía de São Marcos são orientados por três faróis, o de São Marcos, o de Alcântara e o de Araçagi, e pelos faroletes, como da Ilha do Medo, e bóias flutuantes iluminadas, indicando os locais mais seguros para passagem das embarcações. Esta moderna sinalização por todo o canal que dá acesso aos postos situados no Itaqui, se instalou através de uma parceria entre a Capitania dos Portos, e as empresas Vale e Consórcio Alumar.

Trata-se de uma sinalização importante e necessária, tendo em vista existência de diversos bancos de areia, que representam iminente perigo para as embarcações em geral, que correm o risco de encalhar naqueles obstáculos.

Os faróis são alimentados por motor (e baterias), corrente elétrica nos faróis existentes em zona urbana de cidades ou com painel solar. Somente os de São João e Santana continuam sendo alimentados por motor. Para garantir a segurança, a Marinha mantém soldados para vigiá-los e mantê-los. Os militares permanecem nesses postos pelo período de seis meses, enquanto os da zona urbana apenas cumprem expediente em regime de plantão.

O plantonista é extremamente necessário porque em caso de interrupção no fornecimento de energia, acione as baterias para que as embarcações não fiquem sem orientação e percam suas referências.

Para garantir a segurança dos navegantes, os faróis, ficam localizados em pontos de boa visibilidade e de forma a não ter sua iluminação confundida.

Sinalização na Antiguidade

Na Antiguidade, como não haviam inventado os faróis, a sinalização noturna era feita de forma rudimentar, com fogueiras que eram mantidas acesas pelos parentes dos navegantes, que ficavam em terra. Estas fogueiras eram erguidas em pontos altos sob montes de pedras que possibilitavam o fogaréu ser visto a longas distâncias.

Com o avanço da navegação, as formas de sinalização também mudaram na medida que esses primitivos navegantes se encorajaram e passaram a contornar o litoral circunvizinho, em viagens mais longas, outros sinais tiveram que ser acendidos, da forma mais rudimentar ao alcance humano da época. Apesar da atenção e importância sempre dadas às edificações, nesta fase da história, elas não teriam serventia se não fossem encimadas por uma fonte luminosa, adequadamente protegida contra os ventos e as intempéries, por uma "lanterna". Com o correr dos séculos, a lanterna viria a merecer igual atenção dispensada às torres dos faróis, por ter de abrigar, além da fonte luminosa, os aparelhos refletores ou refratores da luz, mecanismos de rotação e outros acessórios. Aliás, é oportuna uma ligeira digressão sobre o significado de "lanterna", para nós, nessa época. Lanterna é tão somente o dispositivo, guarnecido ou não por caixilhos de material transparente, que encimava o corpo dos faróis, com o propósito de proteger, a fonte de luz e outros aparelhos afins, que com o tempo surgiram.

Os faróis na história

Existem registros documentais, imagens, descrições, inscrições, moedas e Antiguidade, entre 300 A.C. e 300 D.C., e de no mínimo outros 30 erigidos dentro dos limites do Império Romano, durante seu esplendor.

O mais famoso e o que melhor se conhece dessa época, considerado, de fato, como o primeiro farol da História, foi o construído na ilha de Pharos, a oeste da entrada da baía de Alexandria, nos limites do delta do rio Nilo, e que lhe deu o nome, "Pharos de Alexandria". Sua torre de pedra, calcula-se, com cerca de 149 metros de altura, tinha a forma quadrangular na base, com 33 metros de lado, octogonal na seção intermediária e circular na superior. Sua fogueira podia ser avistada a 29 milhas náuticas. Essa, em resumo, é a descrição que nos deixou o geógrafo Edrisi, que o visitou em 1150, antes de sua destruição por um terremoto em 1200.

  • 00 AC – Farol de Alexandria, cidade do Egito com um dos portos mais ricos do mundo antigo, construído por Ptolomeu II na ilha de Pharos – daí o nome farol que passou a denominar todas as construções similares – o mais antigo de que se tem notícia, com cerca de 130 metros de altura, sua luz podia ser vista a 22 milhas náuticas (cerca de 40km) de distância. Era considerado uma das sete maravilhas do mundo até sua destruição por um terremoto em 1300.
  • 40 DC – O Imperador Calígula, durante a invasão da Gália e da Bretanha, mandou construir, no continente um farol que se imagina ser o atual Boulogne (em Calais), e na ilha, três outros, um dos quais, resta em Dover.
  • 50 DC – Farol de Ostia, com cerca de 30 metros de altura, o mais famoso depois do de Alenxandria, cuja construção foi terminada pelo Imperador Cláudio. Foi destruído por um maremoto
  • 400 – Até o declínio do Império Romano cerca de 30 faróis foram construídos entre o Mar Negro e Gibraltar, no sul da Europa e norte da África.
  • 1130 – Farol de Gênova, fogueira na ponta do promontório de São Benigno. Considerado pelos italianos o primeiro de nossa Era.
  • 1157 – Farol de Meloria (próximo a Livorno) o primeiro construído em Mar aberto.
  • 1520 – Farol de São Vicente, o primeiro em Portugal, no Mosteiro de São Francisco.
  • 1550 – Farol de Cordouan, próximo a Bordeaux, na França, o mais antigo farol em serviço.

Evolução tecnológica

O Século XIX é caracterizado pela precípua necessidade dos faróis serem guarnecidos por dois ou três faroleiros, a quem cabia acendê-los ao entardecer, dar-lhes cordas durante a noite (quando para exibir luz intermitente) e apagá-los pela manhã. Principalmente entre nós, esse período é também aquele em que atravessamos uma rápida evolução tecnológica, um sensível crescimento numérico de sinais e expressivas reorganizações administrativas.

As rústicas atalaias de madeira e as primitivas construções de alvenaria foram sendo, a partir da Independência, paulatinamente substituídas por robustas torres (ainda hoje existentes) e esguios postes de ferro fundido provenientes da Inglaterra. Um exemplo ainda remanescente deste época são as fabulosas torres Mitchell, com residências suspensas, construídas sobre sapatas rosqueadas em terrenos arenosos, importadas para Salinas, Aracaju, Belmonte, Rio Real e São Tomé, dentre outros.

Evoluímos dos candelabros e lampiões suspensos, dos aparelhos com refletores parabólicos de luz fixa, aos sistemas rotativos de corda (tal qual a de um relógio cuco) e aos aparelhos lenticulares de cristal importados da França, na ocasião, o único fabricante no mundo.

As velas de espermacete e os óleos combustíveis vegetais, utilizados para inflamar as mechas das lamparinas de luz fixa cedem lugar ao querosene misturado ao ar sob pressão para incandescer um véu ou camisa, tipo Aladin.

Por ocasião de publicação da primeira relação de faróis e faroletes de nossa costa, elaborada com dados fornecidos pela Diretoria de Faróis, em 1896, tínhamos 48 faróis dos quais 8 em ilhas, 36 faroletes e 2 barcas-farol. Muitos de nossos principais faróis, ainda hoje, conservam suas torres e aparelhos lenticulares originais.

Fonte: O Imparcial

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