Ela está na reta final da gravidez, com 35 semanas. Dúvidas, incertezas, medo, nervosismo, mas também esperança, ansiedade, alegria, amor. A estudante de Educação Física Ranny Neves, será mãe de primeira viagem, e está vivendo sua gestação em plena pandemia.
O que seriam os cuidados normais que se devem ter durante esse período, foram potencializados ao extremo com o medo de pegar o novo coronavírus. Mas uma coisa ela sempre teve em mente: ter uma criança saudável e amamentá-la até quando for possível. "Fiquei com muito medo. Eu e todos da minha família, pelo fato das dúvidas sobre a Covid na gestação, o efeito da doença em gestantes e se poderia de fato prejudicar o bebê. Fico com medo de pegar e não ter os sintomas, então os cuidados são redobrados. Ranny será mãe de Isadora, e já sabe que precisa ter amor, e sobretudo, cuidado na hora de amamentar. "Muito mais cuidado ainda, porque agora ela estará aqui do lado de fora e teremos todas as medidas de prevenção. Quero muito pode amamentar minha filha, porque será importante para nós duas", disse.
Muito mais cuidado ainda, porque agora ela estará aqui do lado de fora
Assim como Ranny, Yasmin Louzeiro Pimentel, funcionária pública, também tem os seus medos. Grávida da pequena Ivy, ela já é mãe de Yanna, 9 anos, e está no quinto mês de gravidez. "Um dos grandes desafios de estar grávida durante a pandemia foi a questão da insegurança. Uma doença nova, que ninguém conhecia, e não saber se aquilo poderia atingir o bebê, caso eu contraísse o vírus. Aí veio o fato de ter que ficar em casa, os enjoos da gravidez, a ansiedade que o estado e a pandemia proporcionam mas eu tentei trabalhar a minha cabeça, me inteirar sobre as novidades anunciadas pelos cientistas sobre a doença", disse Yasmin.
Consciente do papel do aleitamento materno, Yasmin diz que o momento da amamentação é dos mais especiais que a mulher pode sentir. "É uma conexão indescritível entre mãe e bebê. Eu sou muito grata a Deus por ter conseguido amamentar a minha primeira filha e oro muito pra que eu consiga fazer da mesma forma com a segunda. Sei os benefícios e pretendo amamentá-la em tempo integral até os 6 meses e depois continuar, à medida que a rotina de trabalho e a introdução alimentar dela for me permitindo", espera Yasmin.
Felizmente nem Ranny, nem Yasmin contraíram os vírus. Ambas se cercam de cuidados para se manterem saudáveis para seus bebês também. Neste mês de agosto, marcado por ações de incentivo à amamentação, e em meio a uma pandemia, é natural que as novas mamães se preocupem. "Será que eu tive Covid-19 e não tive sintomas? E se tive será que tem alguma complicação para o bebê?", são alguns dos questionamentos.
Para a Agência Brasil, a coordenadora da assistência em aleitamento materno do Banco de Leite Humano (BLH) do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz (IFF/Fiocruz), Maíra Domingues, disse que os estudos feitos com amostras de leite de mães que tiveram covid-19 indicaram que vírus SARS-CoV-2 não é transmitido pela amamentação. "As mães podem e devem continuar amamentando, mesmo estando com sintomas compatíveis com a síndrome gripal ou infecção respiratória, ou mesmo a confirmação para covid-19, se for seu desejo e se estiver em condições clínicas adequadas. Mas é importante que elas utilizem a máscara quando forem amamentar ou realizar algum cuidado com o bebê. E, claro, a higienização das mãos com bastante frequência, antes e depois da mamada ou cuidado".
Quem estiver tossindo muito e não sentir segura para oferecer o peito pode tirar o leite e pedir a um cuidador saudável que dê o alimento ao bebê em um copinho – desde que conheça a técnica correta.
O leite materno é considerado o melhor alimento para os bebês, por possuir inúmeros benefícios essenciais para a vida do recém-nascido. Ele contém todos os nutrientes necessários para que o bebê cresça saudável, sem que seja necessário qualquer outro tipo de alimentação antes dos seis meses de vida, ajudando no fortalecimento da imunidade, na diminuição dos riscos a alergias e no combate a anemia.
O Agosto Dourado, que promove a proteção e apoio ao aleitamento materno, empoderando famílias e incentivando a amamentação, é uma das principais campanhas da agenda da Pediatria, que neste ano ressalta o triplo cuidado da amamentação: cuidar em tempos de Covid-19. Em 2020, o tema da Campanha Agosto Dourado é: "Apoie a amamentação para um planeta mais saudável".
As mulheres com Covid-19 podem amamentar se assim o desejem. Elas devem: praticar a etiqueta respiratória durante a amamentação, usando máscara quando disponível; Lavar as mãos antes e após tocar o bebê; Rotineiramente limpar e desinfetar superfícies que tenham tocado.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) publicou um documento sobre o assunto. "Até o momento, não existe nenhum estudo mostrando que o leite materno seja capaz de transmitir o vírus para a criança", resume o pediatra Luciano Borges Santiago, do Departamento Cientifico de Aleitamento Materno da SBP.
A instituição recomenda que ser necessário tomar algumas precauções. "Antes, as mães devem lavar as mãos ou higienizá-las com álcool em gel, além de colocar máscaras adequadas", orienta Santiago. Quem estiver tossindo muito e não sentir segura para oferecer o peito pode tirar o leite e pedir a um cuidador saudável que dê o alimento ao bebê em um copinho – desde que conheça a técnica correta.
O Banco de Leite Humano (BLH) do Hospital Universitário da UFMA (HU-UFMA) em parceria com o Comitê da Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), a Sociedade Brasileira de Pediatria, o Comitê Estadual de Aleitamento Materno, e Secretaria Municipal de Saúde estão desenvolvendo durante todo o mês, atividades virtuais de promoção do aleitamento materno, dentre elas, lives às sextas-feiras, às 15h, nas redes sociais do Hospital Universitário, onde são tiradas dúvidas sobre o aleitamento materno. Hoje, sexta-feira (14), o bate-papo é com a Médica Neonatologista, Marynéa Vale, que vai abordar o tema Aleitamento Materno e Prematuridade.
Os bancos de leite da Maternidade de Alta Complexidade do Maranhão, em São Luís, e do Hospital Regional Materno Infantil (HRMI), em Imperatriz, estão reforçando a importância da Campanha Agosto Dourado, que incentiva o aleitamento materno exclusivo até os seis meses. Os equipamentos são responsáveis por coletar, analisar, armazenar, preservar e entregar leite materno doado para alimentar os bebês que precisam.
Um litro de leite chega a alimentar até 10 bebês. Ao longo de todo este mês, os bancos de leite de ambas as unidades de saúde reforçam a campanha de arrecadação de frascos, bem como o incentivo à doação de leite humano. As ações da Campanha Agosto Dourado seguem por todo o mês em todas as maternidades do Maranhão, com vasta programação e atividades como rodas de conversa, jogos lúdicos, palestras, entre outros.
Fonte: O Imparcial